Trabalhos Campestres
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Trabalhos Campestres
A vida rural no Alto Minho é um cântico de amor á natureza.
Delicia-se o lavrador na contemplação do verde opulento que por toda aparte pulula, mas não leva a bem que a mais pequenina parcela de terreno deixe de ser aproveitada para a produção de mimos que hão-de abastecer-lhe a mesa: alfaces, cenouras, ervilhas, feijão verde, couve galega, batatas e outros produtos.
Ás vezes, são leirinhas de socalco onde também árvores de fruto teimam em caber. a Primavera dá-lhes feição de altar florido; o Verão e Outono, a de pomar.
Tudo trabalhado em moldes que vêm do tempo dos avós. São idênticos o carro de bois e os restantes instrumentos de que lança mão: arado, grade, margidouro, enxadas, sacholas, engaços, forcados, etc..
Porque quase todos são pequenos lavradores, não lhes é possível a aquisição de máquinas agrícolas e só a elas recorrem por pagamento de serviços a quem as explora. Tarefa dura a sua e sem horário, começando muitas vezes ainda antes do raiar da aurora para terminar já noite cerrada.
Sem dúvida que há épocas de maior aperto. A Primavera marca-lhes o ínicio: com os milhos a lançar á terra, as podas e a cavagem das latadas, as primeiras sachas (decruas), as arrendas, as mondas, o tratamento das vinhas, melancias e melões, batatas e árvores frutíferas. Ervas daninhas porfiam em crescer de permeio com os caules tenros das novidades, os ladrões infestam as videiras e o míldio, oídio, filoxera, a mela e o piolho não dão tréguas.
E vêm as regas, se não faltam a presa ou o poço com engenho ou o estanca-rios. E as primeiras colheitas: do centeio e aveia ("em Junho foicinha no punho!"); a tiragem das batatas e cebolas, o corte dos milhos temporãos. Depois, os dos regadios, o feijão, a preparação do vasilhame, as vindimas e a incubação dos vinhos, o semear das ervas para os gados, do centeio, da aveia e dos nabais. Matos e lenhas devem também ser cortados e trazidos para casa, para servirem no Inverno. Se há poço a abrir, para reforço da água de consumo ou de rega, aproveita-se a acalmia do trabalho e o enxugamento da terra no espaço a aprofundar.
Quanto ao resto, não é preciso pensar muito no que há a fazer, pois a tradição ensina e basta obedecer-lhe: "Pelo São Martinho, abatoca o teu vinho"; "De Todos os Santos ao Santo André, quem não tem porco mata a mulher"; "Em Janeiro, põe os presuntos ao fumeiro"; "As favas devem ouvir o vinho a cantar no lagar"; referente aos alhos: [i]"Pelo Natal, bicos de pardal".
E tantos outros ditados que nem custam a fixar nem são difíceis de compreender e pôr em prática. Lembram-no uns aos outros, no fim da Missa de domingo ou se nalgum caminho se encontram, quando regressam dos campos.
Em sistema de entreajuda e num ambiente de alegria realizam os trabalhos que exigem maior número de braços ou concurso de animais. Raros são ps que não se dão bem e nenhum deixa de acudir ao vizinho, se há incêndio ou qualquer desgraça.
Delicia-se o lavrador na contemplação do verde opulento que por toda aparte pulula, mas não leva a bem que a mais pequenina parcela de terreno deixe de ser aproveitada para a produção de mimos que hão-de abastecer-lhe a mesa: alfaces, cenouras, ervilhas, feijão verde, couve galega, batatas e outros produtos.
Ás vezes, são leirinhas de socalco onde também árvores de fruto teimam em caber. a Primavera dá-lhes feição de altar florido; o Verão e Outono, a de pomar.
Tudo trabalhado em moldes que vêm do tempo dos avós. São idênticos o carro de bois e os restantes instrumentos de que lança mão: arado, grade, margidouro, enxadas, sacholas, engaços, forcados, etc..
Porque quase todos são pequenos lavradores, não lhes é possível a aquisição de máquinas agrícolas e só a elas recorrem por pagamento de serviços a quem as explora. Tarefa dura a sua e sem horário, começando muitas vezes ainda antes do raiar da aurora para terminar já noite cerrada.
Sem dúvida que há épocas de maior aperto. A Primavera marca-lhes o ínicio: com os milhos a lançar á terra, as podas e a cavagem das latadas, as primeiras sachas (decruas), as arrendas, as mondas, o tratamento das vinhas, melancias e melões, batatas e árvores frutíferas. Ervas daninhas porfiam em crescer de permeio com os caules tenros das novidades, os ladrões infestam as videiras e o míldio, oídio, filoxera, a mela e o piolho não dão tréguas.
E vêm as regas, se não faltam a presa ou o poço com engenho ou o estanca-rios. E as primeiras colheitas: do centeio e aveia ("em Junho foicinha no punho!"); a tiragem das batatas e cebolas, o corte dos milhos temporãos. Depois, os dos regadios, o feijão, a preparação do vasilhame, as vindimas e a incubação dos vinhos, o semear das ervas para os gados, do centeio, da aveia e dos nabais. Matos e lenhas devem também ser cortados e trazidos para casa, para servirem no Inverno. Se há poço a abrir, para reforço da água de consumo ou de rega, aproveita-se a acalmia do trabalho e o enxugamento da terra no espaço a aprofundar.
Quanto ao resto, não é preciso pensar muito no que há a fazer, pois a tradição ensina e basta obedecer-lhe: "Pelo São Martinho, abatoca o teu vinho"; "De Todos os Santos ao Santo André, quem não tem porco mata a mulher"; "Em Janeiro, põe os presuntos ao fumeiro"; "As favas devem ouvir o vinho a cantar no lagar"; referente aos alhos: [i]"Pelo Natal, bicos de pardal".
E tantos outros ditados que nem custam a fixar nem são difíceis de compreender e pôr em prática. Lembram-no uns aos outros, no fim da Missa de domingo ou se nalgum caminho se encontram, quando regressam dos campos.
Em sistema de entreajuda e num ambiente de alegria realizam os trabalhos que exigem maior número de braços ou concurso de animais. Raros são ps que não se dão bem e nenhum deixa de acudir ao vizinho, se há incêndio ou qualquer desgraça.
Miguel Pereira- Administração
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Localização : Em Lisboa, infelizmente...
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