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O Pedido de Casamento e o Noivado

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Mensagem  Miguel Pereira Sex maio 07, 2010 9:32 am

É costume virem os pais do rapaz, acompanhados de pessoa de mais consideração, pedir a noiva em casamento.
O dia marca-se com antecedência, pois a merenda tem de ser bem servida.
Pouco tempo se gasta a declarar ao que vêm, visto te todos ser conhecido.
Ajustam pormenores sobre o dote, o sítio onde irão viver, a data e o número de pessoas a convidar para a boda.
Terminado esse trabalho, chama-se a noiva e só então se pergunta se está de acordo com tudo o que lhe propõe.
Claro que nunca por ela surge qualquer empecilho. Feliz se mostra, geralmente, e com a maior alegria coloca sobre a mesa a toalha de linho, a boroa de côdea rechinada, a grande infusa de barro luzidio, a travessa com a omeleta, um grande naco de presunto e salpicão.
Segue-se a merenda, com ela sentada ao lado do noivo, cumulando-o de atenções e de carinhos e todos os restantes consolando-se por ver como eles se amam.
Depois vem a distribuição da fatia, que não é senão um velho processo, consagrado pela tradição, de proporcionar aos noivos obterem muito daquilo que lhes é necessário para montarem casa.
Com pouca despesa, da parte deles, pois apenas oferecem a cada familia um simples molete ou um petim. Aos padrinhos e pessoas de mais estima vá lá que subam aos biscoitos ou aos doces.
Recebem bastante mais: toalhas, lençóis, cobertores, mantas, rendas, panelas, louças e outras coisas que há á mão e não estão a ser utilizadas.
Serve também a visita para se fazerem os convites para a boda.
E raros são os que podem recusar. Só o luto ou doença grave de pessoa de família fornecem motivos de justificação válida.
Escolhem sempre o domingo, os dias santos ou algum fim de tarde para o giro.
De todos recebem palavras amáveis e sorrisos.
Por vezes, sentem-se até forçados a entrar e a sentar-se á mesa, para saborearem o chouriço de carne, passado na chama de aguardente, o presunto, as nozes, o vinho branco, o bolo ou a boroa ainda quentes.
Deixam, por essa, que o amor lhes invada a alma, muitas palavras repletas de ventura lhes aflorem aos lábios e sonham com uma felicidade futura que só a morte poderá defazer.
Entretanto e até ao dia dos esponsais, o padre "deita os pregões" por três vezes, na igreja, no fim da Missa do domingo (no ultimos três domingos que antecedem a boda), ou seja, comunica ao povo que "Fulano deseja casar com Fulana, em tal dia e tal hora" para que todos saibam da notícia, mas também para se apurarem eventuais impedimentos que pudessem obstar ao casamento. Este período era antigamente conhecido por "tempo dos banhos", por motivos que já se perderam no tempo.
Há então que deitar mãos há obra, para se preparar o muito que é necessário para a festa daquele que será certamente o dia mais feliz das suas vidas.
Miguel Pereira
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